DCSP

Grêmio registra redução no número de lesões no primeiro semestre

Indicadores do DCSP mostram redução nas lesões e aumento no índice de disponibilidade de atletas em 2024

02 AGO 2024 16:00 Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

No começo de 2023 o Conselho de Administração do GRÊMIO elaborou um plano para tratar de um tema relevante e decisivo no departamento de futebol: a prevenção de lesões. Criou o Departamento de Ciência, Saúde e Performance (DCSP), um setor estratégico para garantir que o Clube mantenha elevado seu nível de competitividade.  Um ano e meio depois, já é possível colher os resultados. Além da melhoria no desempenho dos atletas, o investimento garantiu a diminuição da incidência de lesões, uma performance otimizada, sucesso em competições, aumento das receitas de patrocínio e crescimento na valorização dos atletas e da marca.

“O processo iniciou com a melhoria da infraestrutura, por meio de parcerias em várias áreas, desde a aquisição de equipamentos, suplementos específicos até a parceria com o Hospital Moinhos de Vento. Juntamente com esse avanço estrutural, foram realizados avaliações e diagnósticos das mudanças que seriam necessárias. Num segundo momento, houve a implementação das novas metodologias e protocolos de tratamento e prevenção pelo Departamento de Futebol”, destacou Gustavo Bolognesi, vice-presidente e um dos principais responsáveis pela implementação do projeto.

Em 2024, após um ano de muito trabalho embasado na ciência, o DCSP apresentou resultados positivos. Os dados dos primeiros seis meses deste ano foram apresentados pela equipe do departamento em um relatório de 32 páginas que aponta detalhadamente a evolução em comparação com as últimas temporadas, principalmente na prevenção de lesões.

“Ainda estamos aquém da nossa meta, mas tendo em vista o contexto que o Clube enfrentou nesse ano, o Conselho de Administração vê com satisfação o resultado obtido no primeiro semestre”, disse Bolognesi.

Segundo o documento, a busca pela excelência no desempenho esportivo e a prevenção de lesões são pilares fundamentais no DCSP. A partir de uma base de conhecimento abrangente em fisiologia do exercício, ciências da nutrição, medicina do esporte e treinamento físico, a estratégia foca na redução da idade biológica dos atletas, visando minimizar os riscos de lesões associadas ao envelhecimento e ao histórico.

O trabalho começou já nos primeiros dias do ano, no início da pré-temporada, onde foram conduzidas avaliações médicas, funcionais, de potência e força, nutricionais e cineantropométricas que tiveram papel fundamental no mapeamento individualizado dos atletas, fornecendo a base para decisões estratégicas voltadas à melhoria de desempenho e à diminuição dos riscos de lesões. Na sequência dos primeiros meses, foram implementados processos inovadores para o controle mais eficiente dos atletas, que estão sempre sujeitos às lesões devido à exposição a cargas fisiológicas que demandam o seu máximo. Para evitar estas lesões, o DCSP acredita ser necessário olhar para todos os possíveis riscos, analisar sua incidência e criar um planejamento para diminui-los.

O relatório revela que, nos primeiros seis meses de 2024, a equipe do Grêmio registrou 23 lesões, média de 0,48 lesões por atleta. O time disputou 35 partidas durante este período, com intervalo médio entre as partidas de 3,7 dias em janeiro, 4 dias em fevereiro, 6,2 dias em março, 3,4 dias em abril, 30 dias em maio e 3,4 dias em junho.

Para os profissionais do setor, a análise do momento em que as lesões ocorreram durante o primeiro semestre de 2024 revela informações cruciais para a gestão das cargas de treinamento e prevenção de lesões. Destas lesões, 38% ocorreram durante os treinos, 57% durante os jogos e 5% das lesões ocorreram em outros contextos. Além disso, das 23 lesões registradas, 17 resultaram na interrupção imediata da sessão de treinamento ou jogo, com os atletas sendo incapazes de continuar até o final. Apenas em quatro casos, os atletas conseguiram finalizar a sessão, apesar da lesão. Esses dados são significativos e revelam aspectos importantes sobre a natureza e a gravidade das lesões enfrentadas. O treino é considerado um ambiente controlado, enquanto a partida é o ambiente de "caos", no qual não é possível controlar as demandas que o atleta enfrentará em termos de carga externa tendo em vista que isso depende de vários fatores como, por exemplo, o resultado da partida.

A relação entre o número de lesões ocorridas e o número de jogos disputados é um marcador importante que pode balizar a incidência de eventos ao longo da temporada. Estudos em Ligas Europeias procuram encontrar índices medianos para que os clubes possam entender e aprimorar seus departamentos de saúde e performance. Ao aproximar estudos que se assemelhem ao calendário brasileiro, encontramos incidência média entre 0,7 e 0,8 lesões por jogo ao longo da temporada. Levando em conta as últimas cinco temporadas, as principais ligas europeias apresentaram incidência média de 0,75 lesões por jogo, enquanto o Grêmio apresentou média abaixo deste índice em dois dos últimos cinco anos, com 0,61 lesões por jogo em 2021 e 0,63 atualmente. Esta redução significativa pode ser atribuída aos processos e tecnologias implementados desde 2023.

Outro dado interessante é a diminuição das lesões chamadas de “sem contato”, ou seja, distensões musculares, rupturas de ligamentos e entorses. Neste ano, são 0,40 contra 0,78 lesões por jogo em 2023. Marca alcançada graças ao trabalho de prevenção desenvolvido pelo DCSP.  Por outro lado, em ocasiões que o departamento não tem incidência, houve um acréscimo nas lesões “com contato” que são aquelas ocasionadas por lances maldosos e/ou choque com atletas adversários. São oito em 2024 contra três do ano passado. Segundo o relatório, tal fato se dá pela intensidade nas disputas.

Após a observação detalhada dos resultados do trabalho do DCSP desde sua implantação, no início de 2023, destaca-se um dado de suma importância e que se reflete diretamente nos resultados de campo. É a “disponibilidade para jogos”, ou seja, a proporção de atletas do elenco aptos para participar das partidas, medida jogo a jogo no momento da convocação. Em 2024, todos os atletas lesionados, sejam por lesões com ou sem contato, foram entregues à comissão técnica antes do prazo de diagnóstico previsto, respeitando sempre os critérios de evolução de tratamento. Esta prática não apenas reduziu o tempo de afastamento, mas também influenciou positivamente a disponibilidade dos jogadores. Este ano, a média de disponibilidade aumentou para 83%, comparada a 77,6% em 2023. Este aumento indica uma melhora geral na capacidade de manter os jogadores disponíveis para jogos, refletindo a eficácia das estratégias de prevenção e manejo de lesões implementadas pelo DCSP.

A partida com maior disponibilidade em 2024 foi contra o Atlético GO, com 119,85%, ou seja, 19,85% a mais do que a  disponibilidade média anual, superando os 114,69% da partida contra o Ypiranga, jogo com maior disponibilidade em 2023.

Para Bolognesi, o importante é manter um padrão para que a comissão técnica possa ter as melhores opções de forma mais seguida: “O objetivo do DCSP é atingir uma taxa de disponibilidade média acima de 90%”, projetou.

Ainda assim, o incremento destaca um avanço na gestão dos atletas, permitindo uma maior consistência nas participações em jogos.

Os números positivos são consequência dos investimentos feitos no setor. O DCSP segue atento ao restante da temporada, levando em conta a incidência de viagens mais longas, períodos de deslocamento e o iminente congestionamento do calendário. Fatores que podem impactar diretamente nas condições físicas e no risco de lesões dos atletas.

Fotos: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

 

Trabalho do semestre feito pelo DCSP - 02/02/2024