HISTÓRIA

Futebol Feminino do Grêmio e Marianita representados no Museu do Futebol

Pioneirismo da ex-atleta e do Clube para conquista de direitos das mulheres na modalidade está presente em exposição

16 JUL 2024 14:50 Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

Por 38 anos, o Futebol Feminino foi proibido no Brasil. Nesse período, mulheres e defensores do esporte trabalhavam para reverter esse cenário, conquista alcançada apenas em 1979. Dentre estes personagens, estão o Grêmio e suas atletas, com destaque para Marianita Nascimento, uma das pioneiras da modalidade. Agora, essa história de coragem e luta por direitos é contada no novo Museu do Futebol, reinaugurado no dia 11 de julho.

O local, sediado em São Paulo, capital, passou por reforma e atualização, e em sua reabertura prega que o futebol é parte inseparável da cultura brasileira - e que pode também ser espaço importante para discussões sobre o racismo e o protagonismo das mulheres.

Além de espaços dedicados à categoria masculina, como ao Rei Pelé, o museu se tornou mais diverso, inclusivo e divertido, ganhando novas salas e mais recursos de acessibilidade. A Rainha Marta, considerada seis vezes a melhor jogadora do mundo, recepciona o público na última sala, em projeção em tela de tamanho natural.

Nessa nova versão do espaço, o Futebol Feminino ganha sua devida importância, junto a outros temas contemporâneos. Na Sala das Origens, há imagens raras que mostram mulheres brasileiras jogando futebol a partir de 1920 – por enquanto, os registros mais antigos de que se tem notícia.

Entre os grandes marcos dessa história está o decreto assinado por Getúlio Vargas, em 1941, que vetou a prática da modalidade por mulheres. A justificativa era de que o esporte seria “incompatível com as condições de sua natureza”. O veto durou quatro décadas.

Dentro deste contexto, está Marianita, que montou e foi capitã da primeira equipe de Futebol Feminino do Grêmio, mas com atuação muito além das quatro linhas. Junto a outras companheiras, trabalhou também pela regulamentação da modalidade, conquistada em 1983. Posteriormente, foi contratada pelo E.C. Radar, para reforçar o time carioca na primeira viagem de um time de mulheres brasileiras à Europa.

Atualmente, Marianita é diretora de Futebol Feminino no Grêmio. Para ela, ver essa história demonstrada no Museu do Futebol é de uma relevância indescritível. "Uma geração que plantou, enfrentou muitas barreiras, que precisou ser forte e competente para conseguir fazer o que amava: jogar futebol. São muitas histórias por trás da lei que proibia o futebol feminino no Brasil, e a nossa foi dentro do Grêmio. Agora, ela está sendo valorizada em um dos mais importantes museus dedicado ao futebol no mundo. É mais uma conquista da modalidade", declarou ela.

O trabalho de resgate da história do Futebol Feminino no Tricolor e o destaque para a personagem Marianita foi realizado em conjunto com a equipe do Museu do Grêmio. A museóloga Sibelle da Silva esteve representando o Imortal no evento de reabertura em São Paulo. "A presença do futebol feminino do Grêmio no Museu do Futebol mostra a relevância desse pioneirismo. Um passado que por muito tempo foi apagado, uma parte da história em que o Tricolor tem importância nacional para a modalidade", refletiu ela. "As imagens dessas mulheres vestindo a camisa do Grêmio é simbólico, é um orgulho e um reconhecimento duplo: para o nosso Clube e nossas pioneiras", completou.

A coordenadora regional Consular de São Paulo, Andrea Ladvid, também esteve presente no evento de reabertura do Museu e atuou para a concretização dessa presença Tricolor no espaço. “O Grêmio tem trabalhado o resgate histórico do futebol feminino, ressignificando todo pioneirismo do Grêmio através das suas atletas. Fazer parte do Museu do Futebol, reinaugurado no mesmo período em que o Brasil é anunciado como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, reforça a importância do Imortal como um Clube que tem papel fundamental na história da luta das mulheres para exercerem seu direito de praticar o esporte”, afirmou.

Localizado no Mercado Livre Arena Pacaembu, antigo Estádio do Pacaembu que ainda está em obras, o museu é um dos mais visitados da capital paulista. Mais informações podem ser obtidas no site www.museudofutebol.org.br

Museu do Grêmio

A pesquisa sobre a trajetória do futebol feminino se iniciou pelo Museu do Grêmio, ainda em 2017, através da historiadora Bárbara Lauxen e da museóloga Sibelle Silva, que iniciou o projeto "Narrando Histórias". Em 2020, a pesquisa tomou forma e culminou com essa história sendo compartilhada na plataforma de exposições virtuais EMuseu do Esporte, com curadoria do arquivista Sandro Pasinato.

Desde então a equipe do Museu tem incluído mais peças do seu acervo nas suas exposições e promovido ações educativas não só para a sua torcida, mas também com pesquisadores das memórias do futebol feminino através do eixo museológico Mulheres no Grêmio.

Fotos: Renata Beltrão e Divulgação