Campeão Mundial com a Seleção em 1970, jogador foi perpetuado na história do Clube
Pai e filho, agarrados ao alambrado do campo suplementar do Estádio Olímpico, acompanham tranqüilamente um treinamento até que o menino se põe a observar a gigantesca bandeira tricolor que tremula no alto do mastro localizado junto à Rótula do Papa. Com a curiosidade costumeira da juventude, o garoto pergunta ao mais velho: “Pai, o que significa aquela estrela dourada na bandeira do Grêmio?” Sem pensar muito, o pai responde: “É para comemorar o título mundial de 1983, meu filho”.
A história contada acima é fictícia, mas o engano em relação à estrela que brilha no pavilhão gremista acontece seguidamente até mesmo por parte de torcedores que se dizem conhecedores da história do Clube. Na verdade, a estrela começou a fazer parte da bandeira oficial do Grêmio em homenagem ao lateral Everaldo Marques da Silva, único jogador gremista a fazer parte da inesquecível Seleção Brasileira Tricampeã da Copa do Mundo de 1970, realizada no México.
A empolgação da torcida gremista com o êxito obtido pelo jogador que representou o Tricolor na vitoriosa campanha do Tricampeonato fora tanta que, em seu retorno à Porto Alegre logo depois da conquista, saiu às ruas da cidade para comemorar como se fosse um verdadeiro título alcançado pelo próprio Grêmio. Na época, o fato foi considerado uma das maiores demonstrações de carinho já dispensadas a uma personalidade do Estado.
No dia 30 de junho de 1970, seis dias após seu retorno do México, o Conselho Deliberativo do Grêmio, em uma sessão solene, perpetuou oficialmente a figura de Everaldo na história do Clube dedicando ao atleta a famosa estrela dourada na bandeira. Na ocasião, o jogador recebeu também o título de Atleta Laureado além de duas cadeiras quitadas no Estádio Olímpico.
No dia 27 de outubro de 1974, aos 30 anos de idade, ao retornar de uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul, Everaldo Marques da Silva acabou falecendo em um acidente automobilístico perto da localidade de Santa Cruz do Sul. A morte precoce do atleta não foi suficiente para apagar as lembranças de um jogador exemplar tanto dentro quanto fora do campo.
A carreira:
Everaldo ingressou no Grêmio em 1957 passando pelas categorias infanto-juvenil e juvenil. Em 1964 foi emprestado ao Juventude de Caxias do Sul retornando ao Olímpico dois anos depois. Em 1967, foi convocado pela primeira vez para defender a seleção brasileira onde conquistou a Copa Rio Branco no Uruguai assegurando vaga no selecionado que, em 1969, participaria das Eliminatórias culminando com o tricampeonato no México em 1970. Com a camisa do Grêmio, conquistou o heptacampeonato gaúcho em 1968. Além de todos os prêmios conquistados, foi agraciado com o troféu Belfort Duarte, concedido aos jogadores de defesa leais.
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