Contra o racismo

Grêmio TV apresenta segunda live organizada pelo projeto Clube de Todos

Convidados debateram "Possibilidades e Desafios das Práticas Antirracistas no Futebol".

01 SET 2020 21:47 Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense

Na noite desta terça-feira, ocorreu o segundo seminário virtual do Grêmio contra o racismo, organizado pelo Clube de Todos, movimento que visa promover ações políticas-institucionais permanentes de inclusão social e de combate ao preconceito e atos discriminatórios, transmitido ao vivo pela Grêmio TV no Youtube e Facebook oficiais do Tricolor.

Na noite de hoje, o tema discutido foi a "Possibilidades e Desafios das Práticas Antirracistas no Futebol". A iniciativa teve como objetivo evidenciar e discutir medidas contra um dos principais problemas sociais vivenciados pela população negra, seus reflexos na sociedade e que transcendem para dentro de campo.

O encontro foi comandado pelo coordenador do projeto Clube de Todos e secretário do Conselho de Administração do Grêmio, Juliano Ferrer, e teve a participação de personalidades importantes na luta contra o racismo como Márcio Chagas, ex árbitro de futebol; Katiuscia Ribeiro, coordenadora geral do Laboratório Geru Maã de Africologia e Estudos Ameríndios UFRJ na área de Filosofia Africana e Indígena; Thales Arcoverde Treiger, defensor público federal; e Marcel Tonini, cientista social, mestre e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo.

Ferrer abriu o seminário enaltecendo a iniciativa do Grêmio, lembrando que o negro sempre esteve presente na vida do Clube e que é obrigação da entidade assumir esta postura e manter ações deste porte na luta contra o racismo: “precisamos tornar o Grêmio um lugar inóspito para os racistas”, iniciou.

O primeiro convidado foi Márcio Chagas, que relembrou diversos casos de preconceito sofridos durante sua carreira como árbitro: “o racismo é um tema que a gente precisa abordar. Um tema pesado, mas diário, que nos acompanha desde a infância. Não só no esporte, mas no dia a dia. Não são apenas casos isolados”, declarou.

Na sequência, o depoimento foi da filósofa e professora, Katiuscia Ribeiro. Gremista de coração, ela destacou que o futebol é o espaço ideal para que aplicar práticas contra o racismo e comentou sobre o depoimento de Chagas: “o futebol é um esporte que atende às massas. Os relatos do Márcio (Chagas), nos permite entender como o racismo permeia todas as atividades sociais. Discutir racismo no futebol é discutir o racismo na nossa sociedade. O racismo está presente em todas as relações sociais e no futebol não seria diferente, pois é um esporte de muita representatividade”, afirmou, lembrando que o torcedor pode ser utilizado como massa crítica na luta contra a discriminação.   

Dentro da parceria que o Grêmio tem com a Defensoria Pública da União (DPU) no trabalho constante contra o racismo, o convidado que seguiu o seminário foi Thales Arcoverde Treiger, defensor público federal na função de defensor regional de direitos humanos no Rio de Janeiro e membro do GT de políticas etnorraciais da DPU. Treiger abordou a carência de pessoas pretas e pardas em funções de liderança dentro da sociedade e criticou as políticas públicas do País, enaltecendo luta constante na busca de espaço: “o nosso desafio é enorme, principalmente num país que viveu três quartos da história sob a escravidão legal. Essa estrutura racista nos prejudica como coletividade. Precisamos superar esse nó para ter uma país igualitário”, salientou.

Finalizando o encontro, Marcel Tonini, cientista social, mestre e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo, parabenizou o Grêmio pela iniciativa e salientou que esse tipo de posicionamento se trata de um dever social das instituições centenárias no Brasil como são os clubes de futebol. Tonini apresentou diversas narrativas históricas do racismo dentro do futebol brasileiro coletadas em entrevistas feitas por ele: “o racismo sempre foi abordado como um assunto do passado. As pessoas acham que o futebol é um espaço de igualdade racial pela quantidade de jogadores negros que existem, mas quantos negros são treinadores ou dirigentes de clubes?”, questionou.  

As explanações e reflexões sobre o tema duraram quase duas horas e contaram com a participação importante dos expectadores pelo chat.

Caso você não tenha acompanhado a live, clique no vídeo abaixo:

Implementado em meado de 2019 e coordenado por Alexandre Bugin, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio, o projeto Clube de Todos tem como missão conscientizar torcedores e público em geral, por meio de iniciativas políticas-sociais, a necessidade de se combater a intolerância e discriminação de toda natureza. Dentro deste contexto são promovidas palestras, programas de conscientização, de controle e de amparo a pessoas que vivenciam alguma situação de preconceito. As ações abrangem campanhas institucionais no estádio, atividades no matchday, além de orientação sobre procedimentos a serem adotados por funcionários do Clube.